Gianpaolo o Caçador de Turistas
No principal café da única praça de um vilarejo piemontês Gianpaolo senta-se pela manhã, abre o jornal, pede um expresso e espera.
Gianpaolo é um típico italiano boa pinta, alto, magro, bem barbeado, cabelos negros caminhando para o grisalho e os olhos azuis que não cansam de reparar em volta.
A falta de emprego no ramo de administração de empresas empurrou Gianpaolo para o ramo do turismo. Bem, é melhor parar por aqui, os turistas estão chegando. Japoneses, americanos, ingleses, canadenses e até alguns brasileiros descem do ônibus e correm para o banheiro, pedem café, conversam e procuram informações. Um guia Parker aparece nas mãos de um turista americano. É a deixa para Gianpaolo entrar em cena: procuram bons vinhos?
-Gostaríamos de visitar alguma vinícola na região?
Estão falando com a pessoa certa, prazer em conhecê-los Gianpaolo Di Ricco.
A partir daí outros turistas se juntaram a Gianpaolo e o dia estava garantido. Foram várias visitas entre copos e mais copos de Barolos, Barbarescos, Dolcetos e até um almoço com vista para vinhedos centenários.
15% do que os turistas consumiam era de Gianpaolo. Tiravam fotos com ele, marcavam encontro para o dia seguinte e não faltavam convites para visitá-los em seus países.
Estava tudo perfeito não fosse a beleza de Gianpaolo. Uma inglesa de nome Karine aproveitou a empolgação do marido entre um copo e outro e conversava em voz baixa com o italiano. Foi o suficiente para o marido se aproximar, balançar a cabeça para Gianpaolo e se retirar. Karine foi atrás dele, assim como os americanos, japoneses e canadenses. Os brasileiros não se abalaram, se aproximaram de Gianpaolo e perguntaram: o que houve?
Sou italiano e os ingleses não entendem isso. Falávamos de assuntos familiares, filhos cachorros, minha mulher grávida, o clima na inglaterra...
A mulher de um dos brasileiros não se conteve: se você fosse baixinho, gordo e careca não haveria problema.
Esse tipo de problema não, mas estaria solteiro até hoje.
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