Josephine, la dou-dou e o faro infalível - Conto
Cães que farejam trufas são comuns em toda a Europa, mas essa história é diferente, só existe uma.
Josephine é uma jovem de pouco mais de 30 anos maravilhosa. Em todos os sentidos, simpática, bem humorada e fisicamente também. Olhos verdes, rosto perfeito e uma pele branca de deixar qualquer modelo de industria de cosméticos com inveja. Mas Josephine tem também manias. Tem Dou-dou e um vinhedo pra lá de espetacular. As vinhas são antigas (mais de 70 anos) as castas são as típicas do Languedoc e o modo de cultivo é o da intuição. Quando falo intuição é a intuição de Josephine e de Dou-dou. Dou-dou é uma cadela perdigueiro com um faro espetacular (segundo Josephine) e na língua francesa dou-dou é um boneco ou bicho de pelúcia que as crianças usam como companheiros de sono. Esse papel também era exercido por Dou-dou. Dormia com Josephine todas as noites para inveja dos marmanjos da região. Josephine é viúva. Se casou com um homem 35 anos mais velho que ao invés de aproveitar a vida nos vinhedos trabalhava no mercado financeiro até que o coração não aguentou. Os vinhos já estavam descansando nos barris e esperavam a hora do engarrafamento. Todos os dias Josephine e Dou-dou entravam na sala das barricas, ela pegava um pouco do vinho, cheirava e colocava um pouco em uma tigela. Josephine cheirou, provou e aprovou. Dou-dou, com seu nariz infalível cheirou, baixou a cabeça e foi embora. Eu com perplexidade perguntei: e então, acabou o estágio em madeira? Mais perplexo ainda escutei Josephine: Por mim está bom, mas Dou-dou acha que não é hora. Fizemos o mesmo teste durante 3 dias. No quarto dia Dou-dou, do alto de sua sabedoria canina cheirou o vinho, deu uma pausa, cheirou de novo, balançou o rabo e pulou no colo de Josephine.
-Merci ma chéri, on commence aujourd´hui même.
(obrigada minha querida, a gente começa hoje mesmo).
Provei o vinho e realmente me parecia bom, nada que me faça pensar que há 3 dias não estaria da mesma forma.
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