segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Voce Conhece o Ice Wine?


O Canadá já entrou no mapa dos vinhos de qualidade para muita gente, muitos países. No Brasil não existe ainda nenhum importador trazendo os famosos Icewines.
Estes vinhos são deixados nas vinhas após a maturação, desidratam e com a chegada do inverno congelam com a neve. Por isso o Canadá, mais precisamente na região do Niagara. O verão é quente suficiente para amadurecer as uvas e o inverno gelado para deixá-las durinhas, durinhas de gelo.
A descoberta do Icewine aconteceu por acaso na Alemanha. Os produtores de vinho da Franconia, em 1794 colheram as uvas congeladas mesmo por necessidade. Perceberam que o suco era doce e agradável. O vinho é um sucesso principalmente no Japão e em outros países asiáticos, onde uma meia garrafa chega a custar 300 dólares. Os europeus proibiram este tipo de vinho por mais de 20 anos alegando que o vinho tinha alto teor de açúcar. Desde 2001 o vinho está liberado.










Pilliteri Estates Riesling Sweet Reserve 2006 - Niagara - Canadá



Este produzido pela Pilliteri Estates é um Riesling 100%.
Muito elegante e delicado. Cor dourada. No nariz frutas cítricas, lichía, pêssego e flores. Na boca boa acidez, equilíbrio notas de mel, doçura elegante e refrescante.
Final agradável e longo.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Deu no Le Figaro - A Adega de 20 mil garrafas de Paul Bocuse



Não é uma adega pessoal, é a adega do L´Auberge de Collonges au Mont-d´Or, o famoso restaurante 3 estrelas Michelin do Chefe mais importante da gastronomia tradicional. A adega é mantida na temperatura de 13 a 14 graus, tem mais de 350 metros quadrados e lá estão vinhos de todas as regiões francesas. A organização é perfeita, cada região na sua prateleira e os nomes dos Domaines e Châteaux com indicações bem visíveis. Château Mouton-Rothschild, Château Lafite-Rothschild, Château Latour, Château Margaux, Château Haut-Brion, Château d'Yquem, todos de diversas safras diferentes. O famoso Château Pétrus 1966. Magnum do Pétrus 1970, entre outras raridades. O sommelier Mathieu Vial, disse na reportagem que um restaurante como este precisa de todos estes vinhos, mas se voce pretende ir até lá não desanime, existem bons vinhos a partir de 40 euros.No corredor onde estão as Champagnes: Krug, Deutz, Roederer, Dom Pérignon, Gosset, além de servirem champagnes não safradas em taças como a Veuve Clicquot ou Billecart-Salmon. As meias garrafas e os vinhos estrangeiros também tem seu espaço. Entre os vinhos da Borgonha um Romanée Conti 1966.
Se os mais baratos estão na faixa de 40 euros, os mais caros chegam a passar dos 4500 euros, preços de Europa, se pensarmos em Brasil seguramente chegaríamos a 30 mil reais pelo vinho mais caro.
Quem quiser e puder ir ao templo da gastronomia mundial (cerca de 150 euros por pessoa + o vinho) vai aí o endereço: 40 Rue de la Plage - 69660 - Collonges-au-Mont-d´Or - fica pertinho de Lyon!
Telefone para reservas 0033 8 92 68 06 89



terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Safra ruim e bons vinhos. 3 Brunellos que precisam chegar ao Brasil


2002 foi um desastre para a viticultura europeia em geral, mas bons produtores diminuem a produção mas não perdem a reputação. Engarrafar e vender, só se estiver perfeito.
Quem conhece os Brunellos sabe que são vinhos únicos. Não se encontra nada parecido em nenhum outro lugar do mundo. La na Toscana dos Chianti e Supertoscanos, quem brilha mais forte é o Brunello. Os escândalos de vinhos adulterados com outras castas provocou uma certa desconfiança pelo mundo, mas estes 3 são de assinar em baixo.
Falo do biodinâmico Cupano http://www.cupano.it/ ,
do La Fornace
http://www.agricola-lafornace.it

e do Inoccenti http://www.innocentivini.com/
Os vinhos possuem as características dos bons Brunellos e o potencial de envelhecimento quase indeterminado.
Provei os vinhos na Europa e espero ansioso por eles no Brasil.

Brunello di Montalcino La Fornace - 2002


Vinho bastante concentrado, cor rubi brilhante indo para o violeta. No nariz cereja, pêssego, mirtilo, ameixa e especiarias. Na boca um pouco quente (o vinho com 6 anos e meio é uma criança) os taninos mostram qualidade para envelhecer por muitos anos. Final bastante longo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Valery não pensou duas vezes. Conto













Numa tarde de sol na Borgonha, um grupo de apreciadores de vinho com caderneta e canetas nas mãos entrou na loja de Valery. Era uma loja de um Domaine familiar que faz vinhos de qualidade há mais de 40 anos. Valery é jovem, cabelos louros quase brancos, olhos azuis e cara de bom moço. O nome é Paul Valery, em homenagem ao poeta francês. Embora Valery não fizesse nem poesia nem prosa, vivia citando trechos do famoso que lhe emprestou o nome. Os homens entraram e foram logo dizendo: "somos críticos especializados de uma revista alemã". Com educação e cinismo Valery começou a servir os copos e ouvir comentários.

Resolveu servir utilizando um decanter e não mostrava o rótulo de nenhum vinho. Percebeu que os comentários e anotações não tinham muito fundamento. Respondeu algumas perguntas, escutou elogios e disse quase sem pensar: "tenho um vinho especial que ainda não foi colocado no mercado, mas um Master of Wine veio aqui e disse que está entre os melhores vinhos que tomou".

Empolgados com a afirmação os críticos da tal revista alemã pediram encarecidamente que Valery trouxesse a garrafa. Valery pediu licença e disse que iria ver se era possível. Entrou na cave e pegou uma garrafa de um Bourgogne Passe-tout-grains (o mais barato da Borgonha onde se utiliza inclusive a variedade Gamay no corte) retirou o rótulo e levou aos visitantes.

Antes disse que o vinho precisava ser decantado. Trabalho feito começaram as provas. Suspiros de prazer e canetas dançando para anotar qualquer detalhe. O mais velho do grupo disse: "voce tem uma jóia nas mãos rapaz, muito obrigado."

Mais alguns goles (cuspir este vinho nem pensar) e os alemães foram embora cheios de orgulho pela raridade provada. Raridade aliás que custa 3 euros ali mesmo. Me aproximei de Valery e perguntei: "Fez o que eu estou pensando?"

Valery balançou a cabeça num gesto afirmativo e disse: "Um dia o grande Paul Ambroise Valery escreveu: "A ação é uma loucura passageira".

Grandes vinhos para grandes ocasiões - Mendoza - Argentina


Achaval Ferrer 2002 - Finca Altamira

O responsável por este que já está sendo considerado o melhor vinho argentino é o italiano Roberto Cipresso. Ele utiliza 95% de carvalho francês (100% novo) e 5% de carvalho americano, e não tem prazo fixado para o envelhecimento. Neste 2002 foram 14 meses.Tem características de um vinho de Bordeaux.É profundo, cor púrpura opaca. No nariz mistura amora, frutas negras, como cereja. Um toque mineral, lápis e algumas notas florais. Na boca é suave e volumoso com toques de especiarias, mirtilo e cassis. O carvalho trouxe uma certa doçura. O tanino da estrutura, mas é muito bem integrado. Ótimo potencial de envelhecimento.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Retrospectiva

Entrevista Davide Di Prima


Davide di Prima é sócio proprietário da Azienda Di Prima Vini (www.diprimavini.it), é sem dúvida nenhuma um exemplo da evolução dos vinhos Sicilianos. Este ano o Syrah produzido por eles recebeu medalha de prata no concurso Syrah du Monde, na França.

Na foto Gaspare, Giuseppe, Davide e Lícia.

quantos anos sua família produz vinhos?

A nossa família começou a produzir vinho em fase experimental em 1995, mas os primeiros vinhos engarrafados foram em 99 (o pepita branco igt sicilia 99 e o villamaura igt sicilia 1999).

Quais mudanças tecnológicas ocorreram durante este período?

Em 2006 ampliamos a capacidade comprando novos equipamentos de controle de temperatura na vinificação dos tintos. São equipamentos sofisticados que controlam a temperatura em todas as fases da vinificação que leva de 18 a 20 dias.

Quais foram as principais mudanças na qualidade dos vinhos durante o período?

Não tivemos nenhuma mudança substancial desde a primeira vinificação, no entanto esses anos foram importantes para aumentar o nosso conhecimento.

Hoje os vinhos são muito diferentes daquelas primeiras safras?

A qualidade do vinho depende sobretudo dos vinhedos, do estado deles e do modo que são cultivados. Conquistamos seguramente, maior experiência na vinificação e na gestão.

Dos vinhos italianos que participaram do concurso Syrah du Monde, na França, a maioria era da Sicília. Se trata de um terroir ideal para a Syrah?

Sim, a Sicília é um dos melhores terroirs para a produção dos Syrah. Existe uma história que diz que a sirah é um vinho indigena e que deu o nome a cidade de siracusa, na Sicilia. Syrah-cusa.

Os vinhos sicilianos cresceram muito de um tempo pra cá, qual a explicação?

O vinho siciliano desde o inicio dos anos noventa teve uma grande explosão sobretudo porque mudou a mentalidade dos produtores que começaram a primar sobretudo pela qualidade. Orientando o cultivo do vinhedo com produção mais baixa por planta, mais tecnologia na vinícola e consultoría de enólogos prestigiosos.

O trabalho na Sua vinícola é 100% familiar?

Avinícola é tocada por todos os componentes da família. Mas temos um consultor externo: um agrônomo e um enólogo. Somos uma familia de múltiplos interesses, eu depois da formatura em direito, pensei que era o momento de transformar a uva (que vendíamos na cantina da região) em vinho e aproveitando a experiência do meu pai, Gaspare, minha mãe Lícia, escritora, meu irmão Giuseppe, cirurgião, minha cunhada psicóloga e da minha mulher, Valéria, professora. Hoje eles me apoiam junto com os pequenos sobrinhos Gaspare e Giovani e a minha pequena Alice.

Qual é o segredo para se fazer um bom vinho?

A experiência me ensinou que o bom vinho se faz primeiro no vinhedo e depois na vinícola.As uvas devem ser cultivadas com a intenção de se fazer um grande vinho, reduzindo a produção por planta e cuidando dos vinhedos em todas as fases.

O que acha das rolhas sintéticas e dos Screw Caps?

As alternativas a cortiça são bastante interessantes. mas no momento não utilizo nos vinhos que produzo. Na realidade as rolhas sintéticas são boas sobretudo para os vinhos de vida curta, para se beber jovem, logo após o engarrafamento. Os meus são vinhos que melhoram com o tempo, o amadurecimento em garrafa é muito importante, por isso escolho a cortiça.

Grandes vinhos para grandes ocasiões - Supertoscano

Perbruno 2005 - Toscana IGT - I Giusti e Zanza


Vinho 100% Syrah, uma explosão de aromas! Cor rubi, boa intensidade, mostra a boa concentração do vinho. No nariz, café, Baunilha, cereja, cassis, mirtilo, especiarias, um festival de aromas.
Na boca o sabor de frutas negras maduras. Acidez e taninos muito bem equilibrados mostram que o vinho tem vida longa. Vinho elegante. Final persistente com notas de especiarias. Importado pela Cantu.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Grandes vinhos para grandes ocasiões - Bordeaux


Château Grand Bert Grand Cru - Saint-Emilion - 2005

Se o vinho já era bom no ano considerado a safra do século é melhor ainda.
Feito com 85% Merlot e 15% Cabernet Franc o vinho tem cor rubi profunda. No nariz, aromas de cereja, framboesa, morango, cassis e flores do campo. Na boca é um vinho elegante, com taninos perfeitos para envelhecer com categoria. Notas de baunilha e um final longo, adocicado e amadeirado.
Chegará em fevereiro importado pela Mercovino www.mercovino.com.br

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Se chover a culpa é do António - Conto



Isso mesmo, António em Portugal tem acento agudo, mas isso não vem ao caso. Estou falando de um lisboeta de 56 anos que vive pelos lados do Alentejo fazendo o papel de meteorologista sem nunca ter assistido uma aula sequer da matéria. O caso é que jornais, revistas, internet e TV, não possuem o prestigio de António. Este rapaz alto, magro e calvo, poderia muito bem fazer o papel do Santo António de Lisboa no cinema, parece imagem de igreja!

Tudo isso acontece por causa do pavor que a chuva fora de hora provoca nos produtores de vinho do mundo inteiro. Era uma quarta feira e os telejornais previam chuva para todo o país. O telemóvel (celular) de António não parava de tocar. A resposta era sempre a mesma: "aqui no Alentejo não chove!"

As uvas ainda não estavam na maturidade ideal e a resposta de António seria um alívio para os produtores não fosse um tal Doutor Zé Mendes. O homem letrado e com cara de poucos amigos alardeava pela praça que a chuva viria e acreditar em António era uma ignorância.

Dois ou três produtores mais jovens acreditaram em Zé Mendes e iniciaram a colheita imediatamente.

Mal o sol se pôs e um vento forte começou a bater vindo da Espanha.

A colheita em alguns lugares prosseguia noite adentro.

Por volta das 6 da manhã nenhuma nuvem no céu. A lua estava alaranjada pelo sol que chegaria em instantes.

António saiu de sua casa para comprar pão e deu de cara com Dr. Zé Mendes. Com ar franciscano António disse apenas bom dia. Zé Mendes tinha nas mãos mapas meteorológicos e anotações. Olhou para António e disse: "Os ventos mudaram de direção e acabaram levando a chuva para Lisboa. Como é possível uma mudança tão repentina?"

António olhou para Zé Mendes e disse em voz baixa: Sabe amigo, há mais de 30 anos enquanto os outros estudavam os mapas eu estava olhando para o céu".

Grandes vinhos para grandes ocasiões - Barbaresco Rabajà - Piemonte - Itália


Giuseppe Cortese 2004

Uma pessoa acostumada aos vinhos do novo mundo certamente diria que estes vinhos com a uva Nebiollo possuem uma cor estranha, tijolo. Parece um vinho que passou do tempo.

Não, não é nada disso! Estamos falando de vinhos especiais. Especialíssimos. A uva Nebiollo amadurece tardiamente, quando a névoa aparece na região do Piemonte. Por isso Nebiollo, de nebia (névoa). Os grandes vinhos feitos com essa variedade ficam na denominação Barolo e Barbaresco. Dentro da região de Barbaresco no Cru de Rabajà, os vinho são melhores que muitos barolos da vizinhança. Os da família Cortese ainda não estão disponíveis no Brasil. Uma pena! Este 2004 que provei foi trazido dos Estados Unidos. Recebeu 4 estrelas da Decanter e 90 e tal do Robert Parker. No nariz rosas, violetas, cerejas, frutas secas, tabaco, couro e especiarias. Na boca Encorpado, taninos firmes e final fresco e persistente. Notas de menta. Um vinho único!
Velho mundo puro!
Apesar de muito jovem pelo potencial de guarda que possui. Vinho para provar de novo em 10 anos.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Espumante Dom Cândido Brut - Rio Grande do Sul - Brasil



Esse espumante não é tão fácil de encontrar nas prateleiras pelo Brasil. São produzidas apenas 2000 garrafas. Tem cor amarelo esverdeado. Feito pelo método charmat, mas com boa cremosidade e perlage não tão fino como no método tradicional (champenoise).

Não esqueça, os espumantes são os melhores vinhos produzidos no Brasil!

Grandes vinhos para grandes ocasiões - Barolo - Piemonte - Itália

Barolo Ghisolfi Bricco Visette 2000


Falar de um Barolo Ghisolfi é como falar de um Barca Velha, um Vega Sicilia e até de grandes vinhos franceses, daqueles que os simples mortais só provam uma, ou poucas vezes na vida. Se não bastasse o vinho ser especialíssimo, a safra de 2000 foi especial (a foto é do 2001). Os vinhos são maravilhosamente equilibrados. Mesmo que ainda tenham uma boa vida pela frente, o vinho já esta excelente. Todos os anos Attlio Ghisolfi consegue resultados incríveis, pontuações altas na Wine Spectator e Wine Advocate, mas ainda não é vendido no Brasil, produz pouco, vende o que produz e mais barato do que seus vizinhos.
Muito maduro no nariz, com passas, com notas de tabaco e funghi. Encorpado e com taninos macios. Longo, longo, longo final. A cor é aquela típica dos Barolos, um pouco atijolada que engana os olhos mas encanta o nariz e a boca. Mais um ano em garrafa e ele estará melhor ainda. 94 pontos Wine Spectator.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Grandes vinhos para grandes ocasiões - A Califórnia e o Julgamento de Paris.


Stags Leap 1996 - Cabernet Sauvignon - Napa Valley - Califórnia

Cor rubi com reflexos violeta não entregam a idade do vinho. Aromas florais, frutas negras, couro, tabaco e pimenta branca. Na boca mostra potencia e elegância. Groselhas, carvalho e especiarias e um final longo.
Este produtor com o vinho Stags Leap Cask 23 (não é o que foi provado, mas do mesmo produtor) deixou de ser apenas um ótimo vinho e entrou para a história em 7 de Junho de 1976, Quando a revista Time escreveu quatro parágrafos sob o título "Sentença de Paris".
Aconteceu na França a degustação histórica (às cegas), organizada por Steven Spurrier, que colocou um Chardonnay e um Cabernet Sauvignon de Napa Valley a frente de grandes Châteaux franceses. A façanha do Stags Leap foi comandada pelo proprietário da vinicola Warren Winiarski, que antes havia trabalhado com o grande Robert Mondavi. Até hoje os franceses evitam falar no assunto.
Numa das provas a anotação dos brancos foi a seguinte:
"Isso é definitivamente Califórnia. Ele não tem nariz," disse um juiz de um Montrachet 1973 Bâtard de Borgonha.
Raymond Oliver, descrito como o decano dos escritores culinário francês, exclamou: "Ah, de volta à França!" após colocar na boca um Chardonnay de Napa Valley's Abbey Freemark adega.
Winiarski, que hoje tem 80 ano disse: "O que realmente se passou na degustação de Paris foi a de que o amante do vinho ganhou a oportunidade de saborear um vinho sem hierarquia predeterminada".
Entre os tintos, o Stag's Leap Cask 23 venceu o Mouton-Rothschild e o Haut-Brion. Veja:
1 - 1971 Ridge Monte Bello (137 points)
2 - 1973 Stag's Leap Wine Cellars (119 points)
3- (empate) 1970 Heitz Martha's Vineyard (112 points)
3- (empate) 1971 Mayacamas (112 points)
5 - 1972 Clos du Val (106 points)
6 - 1970 Chateau Mouton-Rothschild (105 points) 7 - 1970 Chateau Montrose (92 points)
8 - 1970 Chateau Haut-Brion (82 points)
9 - 1971 Chateau Leoville-Las-Cases (66 points)
10 - 1969 Freemark Abbey (59 points)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Grandes vinhos para grandes ocasiões

Gloria Reynolds 2004 - Alentejo - Portugal


No começo do ano visitei a vinícola Gloria Reynolds no Alentejo. É impressionante a organização, a busca pela excelência, o investimento e o cuidado. As vinhas estavam repletas de uvas que não foram colhidas. Isso mesmo, uvas que não estejam no altíssimo padrão de qualidade não são colhidas. O vinho descansa em madeira francesa Seguin Moreau por dois anos e só é engarrafado com o rótulo Glória Reynolds em colheitas excepcionais. O vinho me foi oferecido pelo próprio enólogo Nelson Martins, que tem como consultor o famoso Paulo Laureano. Quando se bebe um grande vinho é difícil esquecer. Muito elegante, profundo. Aromas de compotas de frutas negras e chocolate e especiarias. Final persistente e sinais de que pode evoluir por muitos anos. As castas utilizadas são Alicante Bouschet e Trincadeira. Quando o vinho não atinge a Excelência, é engarrafado com o nome do proprietário, Julian Reynolds. A boa noticia é que o vinho que só era acessível aos sócios do Clube Glória Reynolds, deve chegar ao Brasil dentro de pouco tempo (cerca de 2 meses) será importado pela Casa do Porto. Um vinho para ocasiões especiais, deve chegar aqui com um preço especialmente caro, cerca de 350 reais. Como escreveu o grande poeta português Fernando Pessoa: Tudo vale a pena se a alma não é pequena.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Grandes vinhos para grandes ocasiões


Vega Sicilia Unico Reserva 1996 - Ribera del Duero - Espanha

As uvas utilizadas são a Tempranillo e a Cabernet Sauvignon. A cor é cereja intensa com reflexos rubi. Não parece que o vinho tem 12 anos!
As frutas vermelhas estão soltas. Eucalipto, mentolado, café, torrefação, chocolate amargo, uma festa!
Na boca elegância e força (como Muhamed Ali). Além do chocolate notas de especiarias e alcaçuz. Uma loucura! Equilíbrio perfeito, taninos maravilhosos e vida longa pela fren
te. O vinho está no jardim da infância. Pena que não é fácil nem comprar e nem ser convidado para prová-lo. É uma sorte! A Mistral vende por 1500 reais. O Alión 2003, do mesmo produtor e também fantástico, custa 290 reais na mesma importadora e recebeu 96 pontos do Robert Parker. Vale a pena!

Grandes vinhos para grandes ocasiões


Secret Spot - Douro - 2004
Este ano a revista Gula publicou uma prova com vinhos do Douro safra 2005. Dois vinhos apareceram bem na degustação, o Rhea Reserva e principalmente o Crooked Vines. Os dois vinhos são, pela ordem, terceiro e segundo na hierarquia do enólogo Rui Cunha e do viticultor Gonçalo Souza Lopes da GeR consultores, de Portugal. Os dois vinhos foram muito bem na prova (se não me engano 4 estrelas em 5 possíveis para o Crooked Vines e 3 e meia para o Rhea). O Secret Spot 2005 ainda descansa, por isso não foi enviado para a avaliação. O 2004 estará disponível no mercado brasileiro entre Fevereiro e Março de 2009, importado pela Casa do Porto. É um vinho concentrado, vinhedos de mais de 70 anos, potente, de encher a boca. Aromas florais entregam a possível presença de Touriga Nacional, a grande casta do Douro. Digo possível, pois o corte do vinho é mantido em segredo, o local onde estão plantadas as uvas também. Por isso Secret Spot. O que não dá pra esconder é a qualidade. Vinhaço

domingo, 14 de dezembro de 2008

Ótimos vinhos para ocasiões Especiais - Château Pape Clément 1996 - Grand Cru Classé de Graves


O Château tem sete séculos de história, e sabe porque este nome? é por causa do mais ilustre proprietário, o Papa Clemente V. Isso mesmo, em 1305, o Papa Clemente, substituiu o Papa Bento XI. O nome dele era Bertrand de Goth. Foi ele, com o apoio de Phileppe Le Bel, que decidiu instalar a sede da igreja em Avignon rompendo com Roma. Foi o primeiro vinhedo plantado alinhado para facilitar a colheita. O Château passou por vários proprietários e hoje está nas mãos competentes de Bernard Magrez e Léo Montagne.
Vinho excepcional! A cor rubi tem reflexos de tijolo. No nariz já se sente a elegância de um Grand Cru Classé, inconfundível. Muita classe, complexidade aromática e estrutura. Logo na primeira impressão, sem mexer o copo, frutas. Principalmente cassis, amora e cereja. Uma mexida no copo e... Aromas de ervas, tabaco e couro. Na boca um pouco de chocolate e torrefação. Os taninos estão redondos, o final é longo e agradável. Feito com 60% de Cabernet Sauvignon e 40% de Merlot. Tem 13% de álcool. Já está pronto, mas tem alguns anos pela frente. É um grande vinho, para ocasiões especiais! O 2005 recebeu este ano 98 pontos de Robert Parker.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ótimos vinhos para ocasiões especiais - vou apresentar vinhos de grandes regiões

Dulcamara 2004 - Toscana - Itália - I Giusti & Zanza Vigneti



Este Supertoscano de corte bordalês é uma das melhores novidades que chegou ao Brasil este ano. Cor rubi profunda, tem aromas de fru produtor, todos de boa qualidade: Nemorino (tinto e branco), Belcore e Perbruno (excelente!).

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sorte de quem conhece o Cristophe









Os vinhedos eram um exemplo de cuidado e beleza. Fileiras inteiras com seus cachos roxos e intervalo entre as plantações limpo e desimpedido. Olho para o lado direito e vejo o mesmo cenário, viro o rosto para a esquerda e o choque é tremendo!

Pergunto a Marianne: O que é isso?

São as terras do Cristophe, responde com respeito assustador.

E lá vem ele. Barba branca, longa, cabelos brancos também longos. O olhar era de sabedoria, até desprezo diante dos simples mortais. Pelos lados de Cristophe haviam pássaros, borboletas e vinhas. Marianne me contou que haviam muitas joaninhas e que elas não deixavam que as pragas se aproximassem. Pronto desvendei o enigma. Cristophe é um biodinâmico radical, não gosta nem de pensar nos vinhedos tratados com herbicidas, leveduras mágicas e pesticidas de todas as espécies. Me aproximei e disse apenas Bonjour. Cristophe balançou a cabeça, respondeu meu cumprimento e me estendeu a mão. A aparência sisuda não se confirmava. Cristophe era gentil e conversador. Olhou para Marianne e brincou: não dê veneno para ele, deixe que prove o meu vinho.

Na mesma hora eu me manifestei a favor. Andei alguns metros, entrei na adega e tomei o melhor vinho de toda a minha viagem pelo Languedoc. Agradeci a Cristophe e perguntei onde encontrar aquele néctar. Ele levantou os ombros, bufou como todo o bom francês e respondeu aqui meu caro. Não vendo a ninguém que não conheça de perto o meu terroir. Não preciso deste dinheiro e não quero que meu vinho pare em mãos de Parker, Wine Spectator e companhia. Amo o vinho e quem respeita o vinho e a terra. Volte sempre amigo!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mais Champagnes


Krug Grande Cuvée

Hoje vou falar de uma das melhores champagnes. Borbulhas muito finas, cor amarelo que demonstra envelhecimento. No nariz os aromas são inesquecíveis: menta, limão, avelã, maçã assada e aromas minerais típicos da Chardonnay. Na boca é grandioso, frutado encorpado. Notas de baunilha e feno. Muito bom mesmo! fantástico!
Para momentos realmente especiais. Custa cerca de 890 reais.


Veuve Clicquot Brut

Mais conhecida no Brasil e com preço bem melhor que a Krug, a Veuve Clicquot é uma Champagne de alta produção mas também com uma ótima qualidade.
Cor amarelo palha bem luminosa, brilhante. As borbulhas são bem finas e persistentes.
No nariz os aromas não se intimidam, saltam do copo maçã, avelãs e pêras. Na boca tem um equilíbrio e estrutura excelentes. É uma grande compra.
Custa cerca de 210 reais.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Caras e Imbatíveis - As Champagnes





Bollinger Spéciale Cuvée

A Spécial Cuvée é a Champagne que mais caracteriza o estilo Bollinger. Cor amarela com reflexos dourados, borbulhas finíssimas e muito regulares. No nariz muitas frutas cítricas como limão, abacaxi e também o característico aroma de panificação, mais especificamente como se diz na França aroma de brioche.
Na boca a elegância mostra exatamente a diferença entre um espumante qualquer e uma Champagne. 60% Pinot Noir, 25% Chardonnay e 15% Pinot Meunier Aromas complexos e um ótimo final. Tem 12% de álcool. Custa cerca de 340 reais na Mistral www.mistral.com.br


Moet & Chandon Brut Imperial

Cor amarelo com reflexos prateados, Borbulhas finas e vivas formam um cordão constante brilhante e límpido.
No nariz aromas de maçã, flores, manteiga, brioche e pêra. Na boca é fresco, elegante, com boa acidez e novamente pêra e maçã. É o que se pode esperar da Champagne mais famosa no Brasil.
Custa cerca de 200 reais em supermercados e lojas especializadas.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Miolo Millésime 2006 - Rio Grande do Sul - Brasil


Espumante da safra 2006. Mais um espumante que utiliza o método tradicional (champenoise) de segunda fermentação na garrafa. Cor amarelo palha, com reflexos esverdeado. Perlage fina e persistente. No nariz mel, brioche, frutas cítricas, amêndoas e pêra. Na boca muito boa acidez, bastante equilíbrio e elegância. Cremoso! Final bastante agradável. Custa entre 50 e 60 reais.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Salton Évidence - Rio Grande do Sul - Brasil


Mais um ótimo espumante brasileiro feito pelo método tradicional (champenoise). O Salton Évidence é feito com 70% de Chardonnay e 30% de Pinot Noir. Tem a cor característica amarelo palha com reflexos dourados. Aromas de frutas cítricas, maçã, pão torrado e mel. Na boca é bastante cremoso, bom corpo, notas florais e borbulhas finas e persistentes. Final muito gostoso. Mais um exemplo de que se não podemos ou queremos comprar os verdadeiros champagnes franceses a melhor opção é o espumante brasileiro. Custa entre 50 e 60 reais.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Cave Geisse - Brut Nature Terroir - Cave Amadeu - Brasil - Método Tradicional (Champenoise)


Espumante produzido em Pinto Bandeira (Bento Gonçalves), Rio Grande do Sul. É considerado por muitos o melhor do Brasil. Cor amarelo palha, com reflexos dourado. Perlage impressionante! Borbulhas finas e persistente. Aromas de flores, maçã verde, frutas secas, cítricos, brioche e mel. Na boca mostra uma cremosidade e corpo que pode passar por um champagne sem nenhum problema. É bem feito, tem muita qualidade e é nacional. É uma boa oportunidade de deixar os modismos de lado e descobrir a qualidade incontestável dos nossos espumantes. Vinho persistente, feito pelo método Champenoise (tradicional) com a segunda fermentação em garrafa, onde se adiciona açúcar e leveduras no vinho tranquilo. Essa fermentação produz o gás carbônico, que preso na garrafa transforma o vinho tranquilo em espumante. Depois é acrescentado o licor de expedição, que é a mistura de vinho, açúcar e leveduras, isso dará inicio a fermentação em garrafa. Nessa segunda fermentação o gás carbônico cria um sedimento de células de leveduras mortas. As garrafas são colocadas em prateleiras próprias (pupitres), giradas diariamente por um remueur e os sedimentos vão para a parte do gargalo da garrafa. O gargalo é resfriado e os sedimentos retirados. É o método mais trabalhoso, mas é o único utilizado na Champagne e é seguramente o melhor. Uvas: Chardonnay e Pinot Noir. Custa cerca de 90 reais.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Pra não dizer que não falei dos Espumantes!

Em um país que produz espumantes de ótima qualidade e corre atrás de modismos duvidosos é difícil falar dos Espumantes. No Brasil não existe casamento sem o Prosecco italiano. Este espumante italiano é feito com uma uva bastante aromática, mas que não pode ser comparado (a imensa maioria de Proseccos) com os espumante nacionais bem feitos com a Chardonnay e a Pinot Noir, uvas utilizadas na região de Champagne (lá também é utilizada a Pinot Meunier, que não é de fácil cultivo por isso não se adapta bem fora da região). Os excelentes espumante italianos são os Franciacorta, que custam o equivalente ao champagne francês e estes sim são de grande qualidade. Outro caso é o da cava espanhola (também já foi moda por aqui) se degustada às cegas com os nossos melhores espumantes também não seria nenhuma unanimidade. O melhor conselho: se não tiver dinheiro ou não quiser gastar os tubos em uma garrafa de um dos maravilhosos champagnes franceses fique com os espumantes nacionais. Argentinos e chilenos, nem pensar.

Chandom Excellence Brut - Garibaldi - Rio Grande do Sul - Brasil

Cor amarelo dourada, aromas de frutas cítricas, abacaxi, pão torrado e maçã verde, avelã, amêndoa. Na boca tem cremosidade e ótima acidez. Perlage fino e persistente, bastante equilibrado e elegante. Produzido pelo método Charmat (segunda fermentação em cubas de aço inoxidável) diferente do método usado na Champagne de segunda fermentação em garrafa, que deixa as borbulhas mais finas e o vinho mais cremoso. Utilizou a Chardonnay e a Pinot Noir de vinhedos próprios. Final seco e persistente. Ótimo espumante! Custa em torno de 80 reais.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Gino Pane e Vino



Gino já havia terminado o seu trabalho na vinhas. Era uma sexta-feira e Signor Cláudio já se aprontava para passar o final de semana na montanha.

Gino tem mais de 50 anos, cabelos brancos, bochechas roxas e barriga pra lá de saliente. Tem o habito de sentar ao lado das barricas e pensar na vida, sonhar e relembrar cada vindima passada nestes quase quarenta anos de trabalho. Lembrou do terrível ano de 2002 em que nenhuma garrafa foi colocada no mercado, lembrava dos filhos que trabalham nos Estados Unidos e da mulher (quela ingrata!) que o deixou havia 20 anos. Entre um pensamento e outro e um copo de vinho Gino pegou no sono. Sigror Cláudio bem que gritou para se despedir, mas como não obteve resposta fechou a casa, fechou a adega e partiu.

Horas depois Gino acordou dos sonhos e pensou em ir pra casa. Levantou-se, foi até a porta, girou a maçaneta e nada. Olhou para o relógio e já passava das 7 da noite. Antes de entrar em desespero Gino tomou um copo de vinho. Depois outro. Pegou um pedaço de pão, que por sorte havia colocado lá pela manhã quando alguns turistas visitaram a adega e degustaram os vinhos.

Não demorou e Gino adormeceu de novo. Foi assim também no sábado, e acredite! no domingo também.

Segunda-feira bem cedo quando outros trabalhadores chegaram, logo sentiram falta do falante Gino. Procura aqui, procura ali e lá estava Gino com as bochechas mais rochas ainda, uma taça na mão e um pedaço de pão sobre a barriga. Giuliano começou a rir sem parar e chamou os outros trabalhadores. Com todo o burburinho Gino acordou. Percebeu que era alvo das gozações e não se deu por vencido: "com um bom vinho e um pedaço de pão o que mais pode querer um homem".

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Herdade dos Grous Reserva - Tinto 2004 - Regional Alentejano - Portugal













A Herdade dos Grous é uma adega hotel, construída para o agro-turismo. Um empreendimento luxuoso administrado pelo enólogo Luís Duarte. Os turistas tem a oportunidade de conhecer a agricultura biológica das vinhas, pomares e olival. O vinho é feito com Alicante Bouschet, Syrah e Touriga Nacional. Foram apenas 7 mil garrafas. As vinhas são jovens, mas o trabalho de altíssimo nível compensa o que poderia ser um vinho com pouca estrutura pela alta produção. Aliás a produção não pode passar nunca dos 3 mil quilos por hectare para justamente elevar o nível das uvas.

O vinho é concentrado, cor rubi profunda. Aroma intenso fumados, caixa de charutos, frutas negras, chocolate amargo e especiarias. Na boca é elegante, macio, taninos finos e um ótimo final cheio de especiarias e pimenta branca.

Importadora Épice www.epice.com.br

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Herdade do Esporão Reserva Tinto 2005 - Reguengo de Monsaraz - Alentejo - Portugal


Vinho conhecidíssimo de uma das mais confiáveis adegas de Portugal. As castas foram vinificadas separadamente: Trincadeira, Aragones e Cabernet Sauvignon. Cor rubi, transparente. No nariz frutas vermelhas maduras, cereja, cassis e framboesa, além de especiarias. Na boca é um vinho bastante encorpado e equilibrado. Nota-se um pouco de torrefação e coco queimado (possivelmente pelo estágio de um ano em carvalho americano). Os taninos mostram que o vinho promete longa vida. O final é longo como era de se esperar. Antes de ser comercializado passou mais um ano (além do estágio em barricas) na garrafa. Tem 14,5% de álcool. Quem tiver a oportunidade de visitar esta vinícola em Reguengos de Monsaraz, perto da Espanha e perto de Évora, não deixe de ir. O restaurante da vinícola também é bastante conhecido.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Josephine, la dou-dou e o faro infalível - Conto









Cães que farejam trufas são comuns em toda a Europa, mas essa história é diferente, só existe uma.

Josephine é uma jovem de pouco mais de 30 anos maravilhosa. Em todos os sentidos, simpática, bem humorada e fisicamente também. Olhos verdes, rosto perfeito e uma pele branca de deixar qualquer modelo de industria de cosméticos com inveja. Mas Josephine tem também manias. Tem Dou-dou e um vinhedo pra lá de espetacular. As vinhas são antigas (mais de 70 anos) as castas são as típicas do Languedoc e o modo de cultivo é o da intuição. Quando falo intuição é a intuição de Josephine e de Dou-dou. Dou-dou é uma cadela perdigueiro com um faro espetacular (segundo Josephine) e na língua francesa dou-dou é um boneco ou bicho de pelúcia que as crianças usam como companheiros de sono. Esse papel também era exercido por Dou-dou. Dormia com Josephine todas as noites para inveja dos marmanjos da região. Josephine é viúva. Se casou com um homem 35 anos mais velho que ao invés de aproveitar a vida nos vinhedos trabalhava no mercado financeiro até que o coração não aguentou. Os vinhos já estavam descansando nos barris e esperavam a hora do engarrafamento. Todos os dias Josephine e Dou-dou entravam na sala das barricas, ela pegava um pouco do vinho, cheirava e colocava um pouco em uma tigela. Josephine cheirou, provou e aprovou. Dou-dou, com seu nariz infalível cheirou, baixou a cabeça e foi embora. Eu com perplexidade perguntei: e então, acabou o estágio em madeira? Mais perplexo ainda escutei Josephine: Por mim está bom, mas Dou-dou acha que não é hora. Fizemos o mesmo teste durante 3 dias. No quarto dia Dou-dou, do alto de sua sabedoria canina cheirou o vinho, deu uma pausa, cheirou de novo, balançou o rabo e pulou no colo de Josephine.

-Merci ma chéri, on commence aujourd´hui même.

(obrigada minha querida, a gente começa hoje mesmo).

Provei o vinho e realmente me parecia bom, nada que me faça pensar que há 3 dias não estaria da mesma forma.