sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sorte de quem conhece o Cristophe









Os vinhedos eram um exemplo de cuidado e beleza. Fileiras inteiras com seus cachos roxos e intervalo entre as plantações limpo e desimpedido. Olho para o lado direito e vejo o mesmo cenário, viro o rosto para a esquerda e o choque é tremendo!

Pergunto a Marianne: O que é isso?

São as terras do Cristophe, responde com respeito assustador.

E lá vem ele. Barba branca, longa, cabelos brancos também longos. O olhar era de sabedoria, até desprezo diante dos simples mortais. Pelos lados de Cristophe haviam pássaros, borboletas e vinhas. Marianne me contou que haviam muitas joaninhas e que elas não deixavam que as pragas se aproximassem. Pronto desvendei o enigma. Cristophe é um biodinâmico radical, não gosta nem de pensar nos vinhedos tratados com herbicidas, leveduras mágicas e pesticidas de todas as espécies. Me aproximei e disse apenas Bonjour. Cristophe balançou a cabeça, respondeu meu cumprimento e me estendeu a mão. A aparência sisuda não se confirmava. Cristophe era gentil e conversador. Olhou para Marianne e brincou: não dê veneno para ele, deixe que prove o meu vinho.

Na mesma hora eu me manifestei a favor. Andei alguns metros, entrei na adega e tomei o melhor vinho de toda a minha viagem pelo Languedoc. Agradeci a Cristophe e perguntei onde encontrar aquele néctar. Ele levantou os ombros, bufou como todo o bom francês e respondeu aqui meu caro. Não vendo a ninguém que não conheça de perto o meu terroir. Não preciso deste dinheiro e não quero que meu vinho pare em mãos de Parker, Wine Spectator e companhia. Amo o vinho e quem respeita o vinho e a terra. Volte sempre amigo!

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