quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Gino Pane e Vino



Gino já havia terminado o seu trabalho na vinhas. Era uma sexta-feira e Signor Cláudio já se aprontava para passar o final de semana na montanha.

Gino tem mais de 50 anos, cabelos brancos, bochechas roxas e barriga pra lá de saliente. Tem o habito de sentar ao lado das barricas e pensar na vida, sonhar e relembrar cada vindima passada nestes quase quarenta anos de trabalho. Lembrou do terrível ano de 2002 em que nenhuma garrafa foi colocada no mercado, lembrava dos filhos que trabalham nos Estados Unidos e da mulher (quela ingrata!) que o deixou havia 20 anos. Entre um pensamento e outro e um copo de vinho Gino pegou no sono. Sigror Cláudio bem que gritou para se despedir, mas como não obteve resposta fechou a casa, fechou a adega e partiu.

Horas depois Gino acordou dos sonhos e pensou em ir pra casa. Levantou-se, foi até a porta, girou a maçaneta e nada. Olhou para o relógio e já passava das 7 da noite. Antes de entrar em desespero Gino tomou um copo de vinho. Depois outro. Pegou um pedaço de pão, que por sorte havia colocado lá pela manhã quando alguns turistas visitaram a adega e degustaram os vinhos.

Não demorou e Gino adormeceu de novo. Foi assim também no sábado, e acredite! no domingo também.

Segunda-feira bem cedo quando outros trabalhadores chegaram, logo sentiram falta do falante Gino. Procura aqui, procura ali e lá estava Gino com as bochechas mais rochas ainda, uma taça na mão e um pedaço de pão sobre a barriga. Giuliano começou a rir sem parar e chamou os outros trabalhadores. Com todo o burburinho Gino acordou. Percebeu que era alvo das gozações e não se deu por vencido: "com um bom vinho e um pedaço de pão o que mais pode querer um homem".

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