Na Borgonha a polêmica agora é o terroir fabricado.
Talvez seja mais um exagero se pensarmos que no Douro, por exemplo, quem não utiliza um trator não vai poder plantar uvas, quem não constrói terraços fica sem espaço para o cultivo.
Mas na Borgonha isso é uma novidade.
No final de 2011 os tratores trabalharam a todo vapor em alguns premiers crus como em Gevrey-Chambertin Bel Air,
Puligny-Montrachet Folatières e Beaune Montée Rouge.
O trabalho dos tratores foi tão invasivo, que os dirigentes locais exigiram ao proprietário que desligasse os tratores interrompendo o trabalho. Mais do que isso, exigiu que cada monte de terra fosse recolocado em seu lugar.
O trabalho polêmico era de retirada da camada superficial do solo, pressionar a rocha calcária baixando cerca de 40 cm e depois recolocar a terra por cima..
Na borgonha o calcário rígido tem forte presença nas encostas, muitas vezes a apenas algumas dezenas de centímetros da superfície exigindo o uso de furadeiras e explosivos para a plantação.
O objetivo do trabalho era facilitar a replantação das vinhas nos locais onde as raízes encontram dificuldades para penetrar na pedra.
A violência dos métodos utilizados foi o motivo da indignação. Os tratores modernos deixando a rocha mãe, de cor branca impressionante, exposta daquela forma, assustou os outros produtores. bem ao lado uma montanha de terra aguardando a hora de cobrir de novo um dos segredos dos aromas e sabores da Borgonha.
Seria normal no Douro, sem nenhuma polêmica ou reclamação, mas na Borgonha a regulamentação, ou a regra, como diria Arnaldo César Coelho, é clara.
Toda modificação substancial da morfologia, do sub-solo, ou de elementos que garantem a integridade e perenidade dos solos de uma parcela destinada a produção de uvas de AOC (Appellation d´Origine Controlée) é proibida.
0 comentários:
Postar um comentário