Todos os dias recebo informações sobre o sucesso de vinhos brasileiros no exterior.
Não é ainda algo que se sinta pelo turista brasileiro encontrando os produtos nas prateleiras de supermercados ou cartas de restaurantes, mas é algo importante para as vinícolas e algo que pode e deve crescer ano a ano.
Nos Estados Unidos por exemplo, uma rede de supermercados premium do Texas venderá vinhos brasileiros em 2013.
E os americanos são desprovidos de preconceitos nesse sentido.
Preconceito que ainda existe muito forte no Brasil para quem ainda não percebeu que fazemos bons vinhos (alguns muito bons) e excelentes espumantes.
Aquelas redes de churrascarias brasileiras que invadiram os Estados Unidos são uma ponte para venda de vinhos tupiniquins.
Alias os Estados Unidos devem servir de exemplo.
Um mercado aberto, onde vinhos franceses custam mais barato que na França e onde o consumidor prefere os vinhos americanos.
Será por acaso?
Será patriotismo?
Ou será marketing.
Confiança do consumidor e credibilidade de um país que históricamente ganha na quantidade e com margens menores.
Coragem de comparar produtos em degustações às cegas e comparar sempre com os melhores.
Hoje alguns grandes e médios produtores brasileiros já conseguem bons resultados nas exportações.
Admito nessa área um bom trabalho do Instituto Brasileiro do Vinho
(Ibravin) e da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações
e Investimentos).
O que me intriga é que mesmo apoiando investimentos em exportação, o Ibravin pede salvaguardas para defender os brasileiros contra os produtos importados.
Nesse caso, certamente haveriam perdas nas exportações.
Tudo que foi conseguido com dificuldade seria perdido e recuperar isso seria começar do zero.
Mais uma ideia absurda que junto com o selo fiscal, mostram que a briga por um espaço no mercado muitas vezes leva a atitudes precipitadas.
É bom que se diga que tudo isso faz parte do mundo dos negócios e que temos que combater e criticar.
Como temos que combater e falar mais sobre a caixinha que os restaurantes recebem de importadores para ter o produto na carta.
Em São Paulo por exemplo, alguns importadores pagam de 10 a 20 mil reais para que algum restaurante promissor que está prestes a ser inaugurado coloque os vinhos na carta.
Tudo isso merece crítica, já que quem paga por isso são os consumidores com preços absurdos, que podem ficar maiores ainda com as salvaguardas.
Acredito que o caminho que agradaria todos seria o do aumento do consumo com preços mais baixos e inclusão de bebedores de outras bebidas no consumo de vinhos.
Mas isso custa caro, custa dinheiro em promoção e leva tempo.
O bebedor clássico de vinhos é preconceituoso.
Porque as cervejas brasileiras nunca se preocuparam com as importadas?
Ainda dá tempo de esquecer esse pedido de salvaguardas e tentar medidas que deixem os vinhos mais baratos.
É muito bom e oportunista querer um mundo globalizado comprando seus produtos e impedir que os produtos do mundo globalizado entrem no seu quintal, mas o mercado mundial não funciona assim.
É na base do bateu levou.
Parece que o preconceito atinge até os próprios produtores brasileiros com complexo de inferioridade diante dos vinhos importados.
Tenho provado muitos vinhos brasileiros às cegas junto com vinhos importados e tenho tido gratas surpresas.
Se os impostos são muito altos para os brasileiros, são também para os importados.
Os produtores nacionais não devem fugir da concorrência e se os impostos são exagerados (realmente são) que se use toda a força e influência política mostrada no caso das Salvaguardas para baixar os impostos para os vinhos nacionais.
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