sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Jean cuidou do filho mais forte.


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Jean cuidava daquele vinhedo há 22 anos.
Desde que tinha 12 anos, quando o pai recebeu as terras com aquelas plantas de Merlot recém plantadas como parte do pagamento de uma dívida.
Virou um vinhedo forte, sadio, bonito, bem cuidado.
Não existia feriado. 
Dia, noite, orações contra geadas, contra
chuva forte fora de época, tratamentos naturais contra doenças e muita
dedicação. 

Michel, o pai de Jean era dono do vinhedo e
como o trabalho do filho prosperava e as garrafas eram cada vez mais disputadas
resolveu investir em um outro vinhedo. 

O vinhedo era mais novo, bem cuidado, bonito
também.

Jean ficou feliz logo que o negócio foi
fechado e correu para os novos vinhedos para aplicar os seus
conhecimentos. 

O tal Savoir Faire.
Como se estivesse tratando de uma criança,
Jean cuidava deles .

Passava dia e noite cuidando dos dois
vinhedos.

Como se fossem filhos, Jean no começo dizia
que gostava dos dois da mesma forma, mas não conseguia esconder que o que
ligava ele aos vinhedos antigos era ''forte''.

Aquele começo de Verão era uma mistura estranha de
felicidade e algo que Jean não conseguia prever, mas incomodava.

Talvez o aviso da vizinhança e a previsão da
meteorologia fossem mais do que um alerta.

Quando se falou em granizo no Sudoeste da
França,
  todos tentaram o que podiam para
evitar ou amenizar os estragos.

Aquelas malhas anti-granizo que se usa no
novo mundo são mais raras pelos lados de Bordeaux.

Mas pensa que não fazem simpatias, rezas
especiais ou outro tipo de superstiçãoo?

Engano.
Tudo foi feito, por Jean e pela vizinhança,
mas...

Ela veio forte, justamente em cima dos
vinhedos de mais de 20 anos.

Os galhos grossos eram fortes, sofreram menos
com o impacto das pedras.

 cuidar dos vinhedos novos, mas sem nenhuma perspectiva de colheita. As vinhas velhas mostravam as folhas, galhos, cachos... A colheita foi excelente, com uvas boas, inacreditáveis. Os vizinhos perderam tudo, mas também não trabalharam nem um décimo do que trabalhou Jean. Dois anos depois la estavam as garrafas da melhor safra da vida dele quando Guilhem, um dos vizinhos, disse: Essa foi a maior sorte da tua vida! -Pode ser. Sorte de aprender a trabalhar, de acreditar no impossível e vinhedos mais novo recebeu poucos minutos
de granizo mas os galhos finos e frágeis não aguentaram o peso das poucas
pedras.

Jean corria de um lado pro outro como um
louco e tentava proteger os quase 10 hectares de vinhedos com o próprio corpo.

Era insano.
Era como um pai se atirando na frente de um
filho para protegê-lo de um impacto qualquer.

O cansaço era enorme, mas dormir nem pensar.
Nem bem a chuva terminou e Jean já estava
consertando tudo que podia.

Com o passar dos dias esqueceu completamente
do vinhedo mais novo que não tinha mesmo chance de reagir e cuidou tanto das vinhas mais velhas que os sinais do
granizo eram quase imperceptíveis.

Os galhos grossos, dizia ele.
Aos poucos Jean voltou a cuidar dos vinhedos
novos, mas sem nenhuma perspectiva de colheita.

As vinhas velhas mostravam as
folhas, galhos, cachos...

A colheita foi excelente, com uvas boas, inacreditáveis.
Os vizinhos perderam tudo, mas também não
trabalharam nem um décimo do que trabalhou Jean.

Dois anos depois la estavam as garrafas da
melhor safra da vida dele quando Guilhem, um dos vizinhos, disse: Essa foi a maior sorte
da tua vida!

-Pode ser. Sorte de aprender a trabalhar, de
acreditar no impossível e saber que não existe safra ruim, existe safra de
enólogo e viticultor preguiçoso...




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