O terno surrado, o cabelo oleoso e a caspa
nos ombros não impedem que Gigio seja o melhor vendedor de vinhos de toda a
Itália.
De norte a sul, seu carro segue cheio de amostras, que descansam ouvindo a voz
rouca, estranha, de Eros Ramazotti.
Cada chegada, em cada cliente é uma garrafa aberta, uma hora de conversa e um
pedaço de Pizza.
Gigio é louco por Pizza!
Acompanhada de um Dolcetto então, nem se fala.
Além da Pizza, do vinho e da conversa, Gigio também não dispensava uma
polêmica.
Era do contra!
Bastava falarem bem de Berlusconi para ele falar mal, se falassem mal, falava
bem.
Importante era discordar! dizia aos mais íntimos.
Um dia o negociante que fornecia os vinhos para o trabalho de Gigio disse a ele
para não conversar com um cliente novo que compraria uma fortuna.
Gigio concordou balançando a cabeça e seguiu para Milão.
O cliente novo era um diretor do Milan (clube de Berlusconi), alto, magro e
brincalhão.
Recebeu Gigio contando piadas, histórias.
Gigio se segurou, firme!
Provaram os vinhos e Gigio continuava quieto.
Falaram dos preços.
Signori Bruno tentou falar de outros assuntos, falou de futebol, política,
religião.
Madona mia!
Gigio seguiu quieto.
O pedido foi prometido para uma semana depois, quando a loja fosse inaugurada.
Gigio voltou pra Firenze contrariado, cantando junto com Eros Ramazotti.
Chegando ao escritório encontrou com Lourenço, o chefe negociante.
-Fiquei de boca fechada. Me segurei quando falou de futebol, de política, mas
fiquei como mandou!
-Pois é Gigio, te devo essa.
Signori Bruno acabou de telefonar, dizendo que mande outro vendedor da próxima
vez.
Disse quen era muito acanhado, não abria a boca e parecia triste, descontente
com o trabalho.
-Scuza Lourenço, mas sabia que estava fazendo besteira. Sou o melhor vendedor
da Itália não pela minha beleza, nem pelo modo que me visto.
Tirou de mim o que tenho de melhor!
Disse quen era
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