domingo, 14 de dezembro de 2014

José Augusto e José Maria "El Brujo", foram indispensáveis...







Chovia muito e José Augusto deixou a quinta com uma idéia fixa.

Era preciso vender os vinhedos, pagar as dívidas e começar de novo o que havia começado a 43 anos.

Desde que nasceu ele viveu para os vinhedos e desde que conheceu Maria Inês deixou muita coisa de lado, até que ela foi embora sem nem dizer pra onde e nem porque.

A Quinta continuou sempre a mesma, os vinhedos continuaram impecáveis e o conhecimento dele sobre o vinho e sobre a região, eram infinitos.

Viajou até o Porto e falou ao comprador sobre os motivos e sobre a vida.

O comprador escutava e em nem um minuto tirava os olhos do rosto já cansado e abatido do Zé.

O almoço terminou e António decidiu mesmo comprar as terras.

A assinatura do contrato ficou para o dia seguinte e para a outra semana ficaram os trabalhos com enólogo renomado, investimento e muito trabalho.

Acontece que aqueles vinhedos não reagiam.

Parece que pararam de evoluir.

As folhas pareciam sentir falta de alguma coisa.

Os brotos pararam de crescer e o enólogo batia a cabeça para saber o que se passava.

Chamou amigos, conselheiros e por fim um bruxo.

Com um cajado na mão, varetas de ferro e até um instrumento magnético ele andou pelos vinhedos, olhou para o céu, mexeu na terra e parecia até conversar com as folhas.

Foram horas de trabalho.

António olhava de longe e não sabia se acreditava ou se colocava o homem a correr.

José Maria, "El Brujo", terminou os trabalhos e fez anotações.

Parecia que recebia mensagens do além, mas segundo ele, recebia o recado dos vinhedos.

José Maria era espanhol, tinha trabalhado para produtores em Ribera del Duero, era da Andaluzia, filho de ciganos que havia perdido a família num ataque de neo nazistas ao acampamento em que vivia.

Perdeu a identidade cigana, mas manteve na alma o gosto pelo desconhecido.

No bilhete para António uma revelação: Esses vinhedos precisam do verdadeiro dono. Do homem que deu a vida por eles. Tragam ele de volta e terão os vinhos...

António esbravejou, pagou o que havia combinado com Zé Maria, mas por pouco não chamou a polícia.

Os dias foram passando e nada dos vinhedos reagirem.

Enólogos famosos foram visitar a quinta e nem sabiam o que dizer.

Os brotos pareciam parados no tempo.

O tempo foi passando e a situação ficou incontrolável.

António pegou o "relatório" de José Maria e leu mais atentamente.

Nem bem o dia amanheceu e ele ligou para "El Brujo" e para José Augusto.

Os dois aceitaram o encontro e andaram pelos vinhedos durante todo o dia.

Como num passe de mágica os vinhedos desenvolveram em 1 hora o que não haviam desenvolvido em 1 mês.

António nem podia deixar de dar o braço a torcer.

Chamou "El Brujo", chamou José Augusto e definiram a estratégia.

Os dois ficariam até o final da colheita e depois conversariam sobre o futuro.

A colheita foi fantástica.

Parece até que o descanso foi bom para os vinhedos.

Os vinhos estavam incríveis.

António se reuniu com José Augusto e "El Brujo".

José Augusto recebeu o combinado e "El Brujo" também.

Só que antes de partir , o bruxo disse em voz baixa, mas com uma certeza da dar frio na espinha:

-Vai precisar de nós dois no próximo ano. Até breve!!!

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