domingo, 7 de dezembro de 2014

Nem a Bouillabaisse de Patrick, nem os rosés de Virginie, conseguem vencer a humildade...























Na Provence o tempo passa tão rápido que não sei se começo falando
do Patrick ou da Virginie.


O Patrick é um cara fantástico, cozinha como poucos, é criativo
como quase nenhum outro e é modesto como só ele.


Recebeu uma estrela do Michelin pelo trabalho que faz em seu
restaurante em Saint-Tropez, mas esconde a estrela, não mostra pra ninguém, não
fala no assunto, parece que tem vergonha.


Quase todo mundo faz Bouillabaisse, ele costuma dizer.

Não é verdade.

A Boulabauisse de Patrick, só Patrick faz, mas
ele teima em se achar um simples mortal.


E as criações infinitas que ele prepara e nem
nome coloca?!?!?!?!


Incrível esse Patrick!

E olha que os vizinhos com um simples artigo em
uma revistsa de bairro fazem um estardalhaço danado.


Patrtick não.

Não é do feitio dele, da estirpe dele.

Filho de cozinheiro, filho de cozinheira, neto
de dono de restaurante, ele imagina com toda a certeza do mundo que o que ele
faz é bem simples, mas ninguém é capaz de acreditar nisso. Nem eu.


Virginie é a mulher mais linda, doce, educada,
inteligente e desejada da Côte d'Azur, mas pra ela isso não faz nenhum
diferença. 


Vale acrescentar que produzia rosés fantásticos
e nem falava no assunto.


Era coisa de família.

Ela nem pensa em tirar proveito disso para uma
situação ou outra.


Segue seu trabalho, seus estudos, sua vida...

Negou com apenas 3 letras um convite para
apresentar um programa de tv. 


Dividir sua inteligência, sua cultura, seus
vinhos...


Seria normal, seria interessante, seria bom,
mas...


Se achava a mais normal e natural do viventes.

Patrick recebeu a segunda estrela, dessa vez
chegou a ligar para a Michelin, dizendo que não havia autorizado a publicação
de seu estabelecimento.


Em vão.

Na democracia todos podem escrever sobre
estabelecimentos de portas abertas e alvarás expedidos.


Um ano depois e a terceira estrela quase fez
Patrick fechar as portas.


Não aumentou um centavo nos preços e os
clientes de longa data, continuavam tendo suas mesas e a prioridade total em
reservas e até visitas de última hora.


O preço acabou sendo atrativo demais e o
restaurante começou a trabalhar com reservas e portas fechadas.


O que parecia solução virou um pesadelo.

Quanto mais exclusivo, mais os milionários e
famosos querem o lugar.


De Mick Jaeger a Paris Hilton, todos passavem
por lá.


Pediam para conhecer Patrick e quando ele
aparecia era com a simpatia a humildade que muitas vezes desapontava os
visitantes.


Como uma onda é difícil da parar, o jeito era
surfar nela.


Patrick aceitou uma entrevista na tv francêsa e
terminou com uma frase simples e direta.


-Sou só uma pessoa que faz comida. Não me sinto
chef de nada.


Não me sinto acima de nada.

Só alimento as pessoas de um jeito que tenham
prazer...


Virginie seguiu no anonimato.

Usou sua inteligência para ela mesma, seguiu
vivendo e trabalhando como se fosse o que realmente é.


Os vinhos receberam a maior pontuação que um
vinho da Provence jamais havia alcançado.


Ela seguiu igual.





















































































Uma pessoa como outra qualquer, mas que se
quisesse poderia se achar mais...

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