terça-feira, 16 de setembro de 2014

Virginie e Julien, MIchael Douglas e Catherine Zeta Jones...









Os 52
anos de Julien não passavam de dois numeros que para ele não combinavam nem um
pouco.


Sobrava
vontade e disposição.


Os
vinhedos tomavam todo o tempo que tinha, ocupam pelo menos 50 anos da vida
dele, porque aos dois, se sentava na mesa de triagem e ajudava a escolher as melhores
uvas ao lado da mãe.


Ele
passava o dia nos vinhedos e morava em Dijon, que ficava bem perto da maior
parte dos lotes que ele cuidava como se a cada dia fosse receber a visita de
uma comissão de críticos.


A vida
era bem tranquila, trabalhava, voltava pra casa, e namorava uma vez ou outra
desde que Jeanne partiu para que ele pudesse viver.


Estranho
como a Borgonha é tão perto e ao mesmo tempo tão longe de Paris.


Julien
enviava os vinhos para Virginie, uma mulher que ele não conhecia pessoalmente,
mas por telefone falavam dos mais variados assuntos.


Toda
semana ele enviava os vinhos, ela recebia, vendia, pagava...


Todos
os dias ela ligava, tendo encomendas ou não.


Ah se
não ligasse!!!


O dia
perderia totalmente a graça.


Conversavam
sem nunca falar sobre eles mesmos.


Falavam
de vinhos, política, rugby, namoradas, namorados, comida, receitas, música,
literatura, cinema, teatro, tudo...


Quase
um ano de conversa até que Virginie tivesse que trazer com ela um comprador
inglês que queria muito conhecer os vinhedos e a pequena vinícola.


No
horário combinado um Peugeot com mais de 10 anos de vida se aproximou jogando
terra pra todo lado.


Quando
a porta abriu ele nem teve tempo de olhar para o tal inglês.


Ficou
paralisado.


O
inglês estendeu a mão, que ficou no ar.


Virginie
definitivamente não era o que ele esperava.


Era
muito jovem e ao mesmo tempo madura para aquele tipo de conversa que tinham.


Era
muito linda para aquele tipo de senhor.


Cabelos
castanhos, olhos castanhos, altura média, sorriso, rosto, corpo, tudo
impressionava. 


A
situação para ele estava entre a tragédia e a glória.


Tragédia
porque imaginava alguém da sua idade.


Glória
porque conversava com a mulher mais linda que já tinha passado por aquelas
terras.


O
inglês desistiu dos cumprimentos e seguiu para os vinhedos.


Virginie
abriu um sorriso e abriu os braços para envolver Julien de uma vez por todas.


Ele
tremia.


Sentiu
o que nunca havia sentido.


Ela
estava constrangida com a falta de ação de Julien.


Quase
um estado de choque.


Andou
também para os vinhedos e o dia acabou correndo normalmente.


O
inglês finalmente foi ouvido, cumprimentado e acabou enchendo a cara de vinho.


Virginie
tinha uma elegância impressionante.


Bebia
pequenos goles sem nunca exagerar, nunca perder a postura, a classe.


Foi
embora do mesmo jeito que chegou.


Julien
ficou olhando a poeira deixada pelo velho Peugeot até que o carro desaparecesse
completamente.


Ele
começou a andar de um lado pro outro.


Percebeu
que era apaixonado pela mulher dos telefonemas antes mesmo de saber que ela era
uma jovem que dificilmente se envolveria com ele.


Dificilmente....

Julian
não guardava palavras para a outra vida, dizia que só tinha essa vida.


Ligou,
falou, ouviu...


Passou
a noite lembrando do escândalo que foi o casamento da fera do rock Jerry Lee
Lewis, que aos 23 anos se casou com a prima de 13.


Foi uma
tragédia!


Não
fosse isso teria outro Elvis Presley. 


Mas por
outro lado ninguém falava mal do presidente Sarkozy com a bela Carla Bruni, nem
mesmo sobre os 25 anos de diferença entre Michael Douglas e Catherine Zeta Jones.


O dia
amanheceu e nada de sono.


Foi
direto para os vinhedos e os telefonemas continuaram.


Outros
ingleses apareceram junto com alemães, suecos, sempre tinha alguém para
Virginie aproveitar o motivo e ver Julien paralisado.


O tempo
foi passando e ele nem lembrava mais de Michael Douglas, nem Jerry Lee Lewis e
muito menos Sarkozy.


Numa
noite fria em Dijon, quando e neve caía lenta como se flutuasse, Julien e
Virginie se encontraram definitivamente.


Julien
lembrou de uma frase do filme *ensina-me
a viver
, de 1971.



“ O coração que não desistiu jamais envelhece...”








*Sinopse do filme Ensina-me a Viver






























































































































Harold
(Bud Cort), rapaz de 20 anos com obsessão pela morte, que passa seu tempo indo
a funerais e simulando suicídios, um dia conhece Maude (Ruth Gordon), uma
senhora de 79 anos apaixonada pela vida. Eles passam muito tempo juntos e,
durante esta intensa convivência, ela o apresenta a beleza da existência.











Harold (Bud Cort), rapaz de 20 anos com obsessão pela morte, que passa seu tempo indo a funerais e simulando suicídios, um dia conhece Maude (Ruth Gordon), uma senhora de 79 anos apaixonada pela vida. Eles passam muito tempo juntos e, durante esta intensa convivência, ela o apresenta a beleza da existência.










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