quarta-feira, 4 de maio de 2011

Monsieur Gilbert e as Leveduras Mágicas - Conto












Num pequeno vilarejo do Languedoc, sai de um Peugeot antigo um sujeito de barba branca bem desenhada, corpo esguio e hábito de balançar os ombros quando não sabe ou não quer responder alguma pergunta. No único restaurante da cidade ele se senta e em poucos minutos todos se aproximam e a conversa ganha um ritmo frenético. Com ouvidos a postos escuto a discussão sobre as leveduras que transformam o mosto da uva em vinho. Monsieur Gilbert é um comerciante de leveduras. Um dos amigos mais entusiasmados na conversa se chamava Antoine e é um produtor de vinhos biodinâmicos (ele dizia apenas Biô). Antoine acusava a empresa que Gilbert representava de deixar os vinhos todos iguais: "existe levedura para deixar o vinho mais frutado, mais floral, com mais álcool, com mais estrutura, mais redondo, para vinhos que vão passar mais tempo em barrica, etc... Onde está a característica do Terroir mon ami". Gilbert apenas balançou os ombros. Antoine ganhou apoio de mais dois frequentadores do restaurante e Gilbert balançava os ombros seguidamente. Veio o proprietário do restaurante trazendo um lindo cassoulet em uma cumbuca de barro que esfumaçava aromas que só poderiam lembrar o paraíso. Gilbert se dirigiu ao proprietário e perguntou: tem algum vinho biô para acompanhar esse magnifico cassoulet?







OBS: Os vinhos biodinâmicos usam as leveduras (fungos) selvagens das próprias uvas. A discussão sobre o que é melhor ou pior para a qualidade dos vinhos eu deixo para a turma do Monsieur Gilbert.









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