sábado, 27 de junho de 2015

Bruno espera Roberta. - Conto












-Ciao amore. Ti amo ogni giorno di più...


Era uma despedida normal.


Bruno trabalhava nos vinhedos, enquanto Roberta trabalhava num banco em Milão.


Se encontravam sempre que possível e era sempre um sonho.


Era uma despedida breve. Pelo menos era o que pensava Bruno.


No trem até a toscana, Bruno como sempre pensava em Roberta.


Chegou em Lucca, pegou o carro e seguiu para o trabalho.


Roberta na cabeça, como sempre.


No final do dia, cansado, procurou Roberta.


Nada.


A noite foi longa, sem pregar os olhos.


Não conseguia entender o que tinha acontecido.


Lembrava de algumas conversas, que Roberta poderia não ter gostado, mas nada era pra tanto.


O dia nos vinhedos foi terrível, era época de poda verde e a cabeça e parece até que os olhos estavam em Roberta. Ele parecia ver o rosto doce, os olhos preocupados, o olhar carinhoso...


Roberta não era de se expressar muito bem, por isso, qualquer palavra mal colocada poderia ser uma tragédia em sua cabeça.


Pensamentos trocados, embaralhados...


Bruno tentava ligar.


Roberta visivelmente queria sossego.


Sossego momentâneo???


Não havia modo de saber.


Bruno fazia tudo e mais um pouco por Roberta.


Isso por um lado trazia tranquilidade e leveza na consciência e por outro preocupava muito mais.


O que teria incomodado Roberta?


Depois de 3 dias conseguiu falar, mas nem isso trouxe a paz que esperava.


Roberta tinha voz triste, mas não era mais a Roberta de Bruno.


Pedia tempo para pensar.


O que significa tempo pra pensar hoje em dia???


Todo mundo sabe não é mesmo?


Bruno também.


O jeito era esperar o tempo.


As uvas amadureceram bem.


A colheita correu sem nenhum problema.


Veio o inverno.


Os vinhedos descansaram.


Neve.


Frio.


Os vinhedos choraram na época certa. 


Bruno chorava diariamente.


Os brotos apareceram.


O ciclo dos vinhedos seguiu normalmente.


Nem sinal de Roberta.


Bruno parecia esperar que o telefone tocasse a cada segundo.


Nunca desgrudava do celular.


Hoje já se passaram 3 colheitas.


O celular continua grudado em Bruno.


A cabeça continua em Roberta.


Bruno acostumou a dormir menos.


Acostumou a trabalhar mais.


Acostumou a ocupar o dia e a noite mal dormida.


Mas não acostuma sem o carinho de Roberta.




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