Você que
percorre os meios de comunicações virtuais e passeia pelas redes sociais, já
deve ter lido a expressão: “cerveja de verdade”. Para uns, esta definição é tão
óbvia quanto 2 + 2 = 4. Mas, para aqueles que estão começando agora a desbravar
este novo universo, estas duas palavras
juntas acabam deixando uma pulguinha trás da orelha. Daqueles incômodos que nos
fazem pensar nas horas mais inesperadas do dia. Quem nunca se pegou imaginando o
que beber ao chegar em casa de noite, exatamente no meio de um engarrafamento indo
em direção ao trabalho? Ou tentando lembrar se aquela cerveja que você tanto
gosta está na geladeira ou na dispensa, isso em pleno intervalo no meio de um
dia de trabalho? Nestas horas impróprias que essas dúvidas resolvem aparecer.
Para explicar
o que é uma cerveja de verdade, vamos voltar um pouquinho no tempo. O dia 23 de
abril de 1516 foi um marco na história deste líquido que tanto apreciamos. Foi
nesta data que o duque Guilherme IV da Bavária decretou a Reinheitsgebot, ou
Lei da Pureza, segundo a qual só era permitido a fabricação de cerveja com
malte de cevada, lúpulo e água. Na época, não se era sabia ainda sobre o uso
das leveduras no processo de produção. Só
mais tarde que foi aprovado o uso de trigo maltado, assim como o uso de
levedura. Os outros ingredientes, como aveia, semente de coentro e etc, foram
também sendo adicionados com o passar do tempo. Portanto, as cervejas de
verdade são aquelas que prezam pela qualidade em todas as etapas da produção da
bebida, desde a escolha dos ingredientes até a maturação.
Uma cerveja
de verdade possui aromas, sabores e cores lindas. E, para conseguir apreciar
nos mínimos detalhes, a indicação é que elas estejam a 6°. Mais gelada que
isso, suas papilas gustativas serão anestesiadas e você acabará perdendo o
grande espetáculo das sensações de sabores.
As cervejas
comerciais, produzidas em larga escala, podem ser chamadas também de “suco de
milho”. Antes de qualquer julgamento, peço que entenda isso como uma brincadeira.
Mas cheia de verdade: o líquido engarrafado como cerveja possui 45% de milho e
o restante de malte de cevada. Nos dias de hoje, essa mistura é feita para
baratear o processo. Claro que o paladar de 80% das pessoas já está acostumado
a isso, mas meu caro leitor, venho por meio desta dizer: você está sendo
enganado. A cerveja que você toma não é cerveja de verdade! E é devido a essa
mistura que existe tanto marketing ensinando que a cerveja deve ser servida
estupidamente gelada. Porque quando ela esquenta, é quase impossível de beber.
E de cheirar. Quem nunca ouviu outra pessoa dizer que tem cheiro de x....?
Ops!!!!! Rolou uma auto-censura! Mas não é o que as pessoas falam por aí?
E que também
fique claro que não sou beerchata! Algumas cervejas comerciais prezam um pouco
mais pela qualidade, mesmo não sendo 100% puro malte. E para avaliar uma boa
cerveja, use e abuse de ferramentas que já estão acopladas em você: cheire,
sinta o gosto, aprecie a cor. Tenho certeza que essa capacidade de selecionar o
padrão de qualidade, que já é item de série no ser humano, não falha! Confie
nos seus sentidos!
E como não pode deixar de ser: ein prosit!
Ludmilla Fonttainha é jornalista, produtora de televisão, integrante da
Confraria Feminina de Cerveja (Confece) e beer sommelier. Uma apaixonada por
este caminho sem volta, que é a apreciação da cerveja artesanal!
A verdade é que as pessoas ainda não descobriram as "cervejas de verdade", principalmente no Brasil, já que lá fora, essas cervejas que aqui são de "mentira", costumam se atentar mais à qualidade de seus produtos, o que os deixa muito mais honestos para o consumo. Por outro lado, temos aqui no Brasil uma enorme quantidade de cervejas artesanais se propondo ser "cervejas de verdade" só por serem artesanais, mas que são muito, mas muito mais intragáveis do que qualquer mainstream de renome no mercado, o que torna essas artesanais "cervejas de mentira". Parabéns pelo post, Lud, é muito pertinente, para todos, sabermos que o mercado está infestado de grosserias engarrafadas que tentam nos empurrar goela abaixo como se fossem cerveja. Grande abraço, Johnnie Lustoza.
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