sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma hora preciosa ao lado de Adolfo Lona e o imenso Orus







Para quem gosta de história e saber como as coisas se desenvolveram ficar frente a frente com ela é um privilégio.

Com apenas 1 dia inteiro na Serra Gaúcha, o encontro foi preciso.

Na Sexta falei com Lona rapidamente e no sábado ele gentilmente foi nos
buscar (junto comigo Vanessa Sobral, Jeriel da Costa e Mariana Lobo).





A história de Adolfo Lona no Brasil começou na década de 70. Precisamente em 73.

Época em que a indústria vinícola brasileira deu um salto, impulsionada pelo interesse de multinacionais.

Nomes como Heublein, Seagran, Martini e Rossi, Cinzano, associada à Chandon, da França e Almadén dos Estados Unidos.





Contratados por eles, chegaram Phillipe Coulon, Dante Calatayud, Ernesto Cataluña e Adolfo Lona (contratado pela Martini).

O profissionalismo trouxe melhorias e técnicas que os descendentes de italianos (quase todos do Vêneto) jamais esqueceriam.

Adolfo contou que a Martini trouxe um técnico da Champagne,
investiu em equipamentos e logo na chegada deparou com uvas colocadas em
uma dorna cobertas por lona, que chegavam na vinícola em péssimo
estado. Foi aí que implantaram as caixas pequenas de 18 quilos para a
colheita.


Sobre as variedades, Lona contou que existiam duas Rieslings, uma falsa e outra verdadeira.

A produção por pé era imensa. Do tamanho das parreiras que cresciam sem nenhum controle. Produziam incríveis 15 quilos por pé.



Com
o tempo a produção foi corrigida para 3 quilos por pé, chegaram
equipamentos da França e o conhecimento de Lona se transformou em nomes
como De Greville e Baron de Lantier.


Perguntei se de lá pra cá a evolução foi muito grande.

Lona disse que não. Que regredimos em muitos pontos, mas não quis entrar em detalhes.



Falou com tristeza sobre em uso de chips, mas não sei ao certo se estava se referindo ao Brasil.

Sobre a variedade ícone do Brasil, ele concorda. "A Merlot da
vinhos fantásticos e a Cabernet Sauvignon não da certo na serra gaúcha,
na Campanha sim."






Na vinícola, o pequeno espaço serve apenas para a produção de
espumantes de método champenoise de alto nível. Os espumantes charmat,
ele produz na Aurora.


Sentados na mesa de degustação da vinícola, nem ao lado dos espumantes que descansavam nos pupitres, provamos os espumantes.



São produzidas apenas 4 mil garrafas do Pas Dosé, 8 mil do Brut e apenas 608 do Orus, número que Lona não pretende aumentar. 

"É um espumante para degustações, não é um produto de volume."

Os três espumantes são marcados pela elegância, pelo estilo francês e pelo toque de Lona.

Aqui só trabalham 4 pessoas.

As uvas são compradas de produtores escolhidos a dedo.

Saí de lá impressionado com o Orus.





O espumante é um corte de Chardonnay, Pinot Noir (em branco), Merlot (em rosé), Merlot (em branco).

A perlage é extremamente fina, a cor salmão é a imagem concreta da elegância do vinho.

No nariz as notas de brioche que são tão faladas na frança aparecem com elegância, pão tostado, frutas cítricas e mel.

Passou 12 meses em contato com as leveduras e mais doze descansando em garrafa.

Na boca a cremosidade é impecável. 

Sutileza!

O equilíbrio perfeito, a acidez, o gosto marcante, o final longo e
principalmente a elegância garantem a continuação de uma das melhores
histórias da Serra Gaúcha.


O Orus custa 85 reais e infelizmente não tem distribuidor em São Paulo.

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