sábado, 4 de junho de 2011

Do Sangue de Boi às Pequenas Partilhas. Vinícola Aurora é parte da história do vinho no Brasil







Quinta-feira a noite visitei a vinícola Aurora. Uma cooperativa que recebe 150 000 turistas por ano, tem 1100 associados, 330 funcionários, recebem em média incríveis 59 milhões de quilos de uva por safra e apresenta uma variedade de produtos capaz de satisfazer todos os tipos de consumidor.


60% das uvas recebidas ainda são de variedades americanas como a Isabel, por exemplo.Com esse tipo de uva, fora do gênero vitis vinífera, se faz o famoso Sangue de Boi.


Um vinho doce, que não cabe avaliação, por não se tratar dos chamados "vinhos finos", mas que também é motivo de orgulho para a Cooperativa Vinícola Aurora.








A Paula Guerra Schenato, que é umas das 15 enólogas da vinícola foi bem clara: "fazemos os vinhos para o nosso consumidor".


A verdade é que estes vinhos lideram as vendas da vinícola, mas eles fazem questão de mostrar que também sabem fazer vinhos que merecem avaliações, são avaliados e são premiados.


Não existe nenhum vinho feito de um só vinhedo, os chamados single vineyard.


As uvas chegam dos associados e são avaliadass pelo peso, quilo e grau de açúcar.


Mais de 100 variedades diferentes chegam à vinícola na época da colheita, alguns associados, oferecem resistência aos conhecimentos dos enólogos, mas são respeitados e o trabalho nos vinhedos é feito sob orientações que podem ou não ser seguidas.


A Aurora fica bem no centro de Bento Gonçalves, chegou a construir um grande vinhoduto ligando suas 3 unidades, mas a ideia não deu certo por questões de higiene e hoje o vinhoduto é usado para outros fins.


Provamos vários vinhos e alguns com excelente relação preço qualidade.








O Pequenas partilhas 2009 Cabernet Franc.


Tempos atrás, a Cabernet Franc sofreu com uma virose no Rio Grande do Sul e quase foi dizimada, felizmente não.


Na minha opinião a Cabernet Franc, junto com a Merlot, é uma uva que se adaptopu muito bem no Vale dos Vinhedos.


O vinho passou de 5 a 6 meses em barrica.


No nariz mostra boa fruta, notas de baunilha e chocolate.


Na boca é bastante macio, fácio de beber, elegante e com uma boa acidez.


Corpo médio,


persistência média, preço excelente: 31 reais.


O Milesime 2008 é um Cabernet Sauvignon, top da vinícola.


No nariz o cassis e a cereja, se misturam a notas de fumaça, caixa de charuto, cassis, caramelo e pimentão verde.


Na boca é a perfeita definição de um vinho aveludado, tem um equilíbrio perfeito e corpo médio.


final de média persistência. 


Mais uma boa relação custo benefício: 49 reais.








A surpresa da noite foi um vinho de 2002, uma garrafa comemorativa, que mostrou mais uma vez que o vinho brasileiro envelhece bem. 


O vinhos estava jovem. 


Não tinha cor de vinho evoluído, não tinha perdido a fruta, a acidez, a força. 


O vinho mostrou que o preconceito contra o vinho brasileiro é inútil, a industria segue. Inútil também imaginar que o Sangue de Boi não ajuda a trazer novos consumidores que com o tempo apuram o paladar e partem para outras viagens. 


Não tenho dúvida de que o vinho brasileiro está no caminho certo. 


Principalmente oferecendo vinhos para todos os níveis de consumidores.



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