Era mais um dia de sol no Alentejo, as cores das flores minúsculas
pintavam a paisagem de forma incrível.
Estava na estrada de terra que
levava até a porteira da adega e já era possível ver o senhor Oscar (la se
fala Óscar) mexendo nas vinhas.
Puxava umas folhas para um lado, cortava
pequenas uvas que tirariam força das demais durante o amadurecimento e
fazia cara de feliz.
Me aproximei enquanto olhava as parcelas de
Alicante Bouschet e dizia: teremos uma colheita maravilhosa!
Me
levou até a sala das barricas (todas francesas de altíssima qualidade) e
no caminho ía dizendo que aquele era o melhor vinho do Alentejo e ainda
por cima com um preço espetacular.
No mesmo momento comecei a pensar em
vários alentejanos, e porque não, vários produtores que pensam a mesma
coisa dos seus vinhos.
É como um filho!
Aquele filho saudável e bonito
ou aquele vesgo e dentuço sempre são os mais belos aos olhos dos pais.
Até o tempo de gestação é bastante parecido, após o inverno começam os
trabalhos que só terminam no fim do verão.
Comecei a provar os vinhos e
me limitei a escutar o que dizia Óscar.
Entre críticas a outros vinhos e
observações muitas vezes exageradas sobre os seus vinhos eu continuei
calado.
Fui obrigado a romper o silêncio quando Óscar me perguntou:
então, não é o melhor vinho do mundo?
Como já esperava pela pergunta
tive tempo suficiente para pensar na resposta: "sim, todos os bons
vinhos podem ser os melhores do mundo, depende do gosto de cada um".
Óscar riu e não se animou a perguntar o meu gosto, se contentou em saber
que era um bom vinho, e realmente é.
Mas quem conhece um simpático e
típico alentejano sabe o que estou dizendo: no Alentejo a cada ano
aparecem produtores com os melhores vinhos da terra!
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