Jean Pierre trabalhava na equipe de estilistas de uma grande Maison francesa, na Rue du Fauburg Saint Honoré, em Paris.
Amava os vinhos, as festas, reuniões gastronômicas e Champagnes.
Dizia com sua afetação peculiar que ganhava o suficiente para beber grandes vinhos todos os dias.
Saía do escritório por volta das 5 horas e comprava sempre um grande vinho para acompanhar o grande jantar preparado com capricho pelo seu companheiro Marcel.
O que Jean sabia de vinhos, Marcel sabia de gastronomia!
A diferença é que Marcel não ganhava o suficiente para frequentar os restaurantes estrelados de Paris. Preparava maravilhas em casa.
O jantar de hoje é para 5 convidados, um deles crítico gastronômico.
Os pratos: Um Coq au Vin e um Risoto (para eles risotô) de trufas brancas do Piemonte.
Jean sentiu o cheiro da comida na entrada do prédio.
Subiu, foi direto pro banho e saiu pronto para a recepção.
Foi até a cave climatizada e procurou pelo La Tâche e pelo Romanée Conti, escolhidos a dedo para o jantar.
Depois de muita procura encontrou o La Tâche. Mas e o Romanée Conti?
Marcel não suportava que entrassem na cozinha enquanto trabalhava, mas nesse caso...
-Marcel, voce mexeu nos vinhos?
-Claro, peguei o vinho para o Coq au Vin!
Jean Pierre desmaiou imediatamente.
Marcel gritava, pulava, telefonou para a ambulância, chamou os vizinhos, enquanto Jean Pierre recuperou os sentidos.
-O que houve Jean, teve um mal súbito?
Jean levantou, mandou os vizinhos embora, cancelou a ambulância e disse a Marcel:
-Você não tem ideia do vinho que usou para o seu Coq au Vin, nem vale a pena explicar, mas foi uma desgraça! uma tragédia!
Os convidados chegaram, comeram, elogiaram...
Jean tomava o caldo do Coq au Vin como se fosse sopa.
Raymon, o crítico gastronômico, poderia ter ficado calado, mas não ficou:
-Temos liberdade suficiente para que eu dê minha opinião sem rodeios: Para um bom Coq au Vin é preciso acrescentar um bom vinho...
Jean desmaiou mais uma vez!!!
PS: O Romanée Conti é um dos vinhos mais caros do mundo.
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