Os vinhedos são o termometro do aquecimento global
Depois de uma primavera quente e um verão infernal, as colheitas começaram em média 15 dias mais cedo do que o normal.
A safra 2011 promete ser muito boa, mas isso não serve para amenizar a preocupação dos produtores com o futuro.
Os vinhedos de variedades mais tardias com a Syrah e a Merlot, mostram mais claramente como avança o aquecimento global.
Nesses casos a colheita adiantou por 3 semanas, quase 1 mês.
Há 20 anos, essas variedades eram colhidas em Novembro e esse ano alguns já estão nos tanques.
Por enquanto existe a preocupação apenas com o futuro, já que a maior parte do produtores acredita que a colheita 2011 ganhou muito com essa maturação.
Um estudo sobre as colheitas das variedades Chasselas em Pully feito pelo Agroscope Changins-Wädenswil, mostrou que essa precocidade já havia acontecido nos anos 40, precisamente em 1945 e 1947.
Entre 1954 e 1984, a maturação aconteceu com 2 semanas de antecedência em média.
Os estudos mais alarmantes vêm dos Estados Unidos, da Universidade do Oregon, do pesquisador Gregory Jones.
Ele estima que a localização geográfica ideal para os vinhedos (entre 10 e 20 graus de temperatura média), se transferiu por 80 a 240 quilômetros em direção aos pólos e pode se estender de 280 a 500 quilômetros até 2099.
Ameaça real aos vinhedos da Califórnia, Austrália e regiões do sul da Europa.
O medo dos produtores franceses é que o aumento da temperatura, cause uma generalização no alto teor alcoólico dos vinhos e consequentemente provocará uma baixa na riqueza aromática. Em outras palavras, colocar em perigo os vinhos franceses, elegantes e refinados, um dos símbolos do patrimônio cultural do país.
Na Champagne, as grandes casas já investem no sul da Inglaterra, vislumbrando uma nova região de excelência para espumantes, com solos muito parecidos com os da região de origem. Algumas regiões onde não chovia agora chove, os produtores franceses começaram, em razão disso, a deixar que a grama cresça entre os vinhedos para absorver a água da chuva.
Contra a baixa acidez, causada pelo calor excessivo, a medida é na vinícola. Os franceses bloqueiam parcialmente ou totalmente a fermentação malolática, no caso dos brancos.
O aumento de 2 a 3 graus pode interferir nos aromas de variedades como Chasselas, Chardonnay e Riesling.
Uma maturação rápida no lugar da maturação lenta, pode modificar os aromas minerais destes vinhos.
No Languedoc e em outras regiões quentes, a cultura biológica ou biodinâmica já demonstrou ser uma ótima opção.
Em situações extremas percebe-se nessas culturas, vinhos com mais acidez que em culturas convencionais.
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